Recorte de programação antiga do Cine Vitoria de Santa Cruz do Sul
Sancler Ebert
A minha primeira lembrança numa sala de cinema foi no Cine Vitoria, em Santa Cruz do Sul (RS), para assistir ao fenômeno Titanic. Localizada na época na rua Sete de Setembro, centro da cidade, a sala fazia parte do prédio do Hotel Charrua, estabelecimento que ainda existe e que mantém um centro de eventos no local do antigo cinema. Era o que chamamos de cinema de rua, de calçada.
Em 1998 eu tinha 10 anos, então a memória não é tão clara como eu gostaria, tenho flashes de situações dessa primeira ida ao cinema. Não tenho certeza com quem fui, mas recordo que chegamos atrasados a ponto de sentarmos na poltrona quando a Rose idosa já iniciava seu relato sobre o Titanic. Como a produção tinha mais de 3 horas, o cinema fazia um intervalo, não somente para que as pessoas descansassem entre uma parte e outra, mas claro para movimentar a bomboniere mais uma vez. O filme parava um pouco antes da colisão com o icerbeg e o naufrágio (momentos tão esperados). Rememoro a sensação de maravilhamento com o navio enorme na tela, o momento “eu sou o rei do mundo” e de medo com o naufrágio. Sempre tive uma relação de encantamento/pavor da água, então ver aquele colosso afundando era mesmerizante e assustador na mesma proporção. Ainda assisti ao filme muitas outras vezes quando adquiri o VHS em alguma promoção de algum produto, talvez de uma margarina. Duas fitas VHS, já que o filme era longo.
Lembro com muito carinho dessa primeira experiência, ainda que a memória seja repleta de lacunas. Considero essa minha primeira experiência numa sala de cinema porque lembro de assistir ao filme, das sensações, porque essa não foi a minha primeira ida. Muito menor, minha tia Jacqueline levou a mim e meus dois primos (Junior e Michele) para assistir “Lua de Cristal”, filme estrelado por Xuxa e Sergio Malandro. Mas não é uma experiência que posso considerar porque além de ter acontecido quando eu era muito criança, não assistimos ao filme. Assim que as luzes se apagaram e ficou escuro, eu desatei a chorar e só parei quando minha tia saiu comigo e com meus primos da sala. Meu medo do escuro impediu que eu visse Xuxa sendo resgatada pelo príncipe Sergio Malandro num cavalo branco. Uma pena!
Ainda fui algumas outras vezes no Vitoria antes que ele fechasse e restasse à cidade apenas o cinema do shopping (um dos locais mais importantes da minha adolescência, mas isso é tema para outro texto).
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